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Arthur Kampela

Arthur Kampela "Happy Days II"

" Happy Days II, para violão e sons pré-gravados” é parte de minha peça "Elastics" para flauta(s), violão e sons eletrônicos. Sua temática adere à ideia de torso ou fragmento, uma vez que o instrumento é 'arrancado' de seu contexto original. O título, é originário da peça teatral homônima de Samuel Beckett. Nesta peça, a atriz, completamente inserida numa estrutura montanhosa (detritos, restos, etc) paradoxalmente, exclama: "-- Oh, mas que belo dia...!" Esta metáfora da asfixia que teima uma normalidade artificial é ilustrada na peça musical por uma ação constante do violonista que executa uma gestualidade complexa e implacável, cujo reflexo nos sons pré-gravados cria uma sensação ainda maior de asfixia, de mudez ou entropia linguística. A peça faz uso de sons tradicionais, ruídos e sons percussivos (extended-techniques) que caracterizam minha técnica particular de tocar/ (compor para) o instrumento. Estes elementos enfatizam o caráter explosivo do fluxo composicional "asfixiando" o violonista em suas próprias notas, e ritmos, consequentemente emudecendo-o numa ferrenha entropia "timbrística". Arthur KAMPELLA

Daniel Murray fala sobre a composição, Happy Days II.


Daniel Murray interpreta Happy Days II durante sua apresentação na Classical Next 2014 no dia 16 de maio de 2014, em Viena na Áustria.

Arthur KAMPELA
Arthur Kampela. Nascido no Rio de Janeiro em 1960, venceu em 1995 o Concurso Internacional de Composição para violão em Caracas (Venezuela) e em 1998 o Concurso de Composição para violão Lamarque-Pons (Montevidéu, Uruguai).
É reconhecido internacionalmente tanto como compositor quanto violonista virtuoso, misturando o popular e vernacular com técnica textural contemporânea e complexidade rítmica e também explorando os limites dos instrumentos com novas técnicas expandidas.
Em 1998, Kampela recebeu o título de Doutorado da Columbia University (EUA), onde estudou com Mario Davidovsky e Fred Lerdahl. Também teve aulas de composição com Brian Ferneyhough em 1993.
Ele recebeu comissões e prêmios da Fundação Guggenheim (2014), Collegium Novum Zurique (2013), DAAD (Artist-in-Residence Berliner Künstlerprogramm 2012-13), The New York Philharmonic (2009), Fundação Koussevitzky (2007), Fromm Fundação de Música (1998), ISCM / World Music Days Stuttgart 2006, a Alemanha, Rio-Arte Foundation, Brasil (1999) e bolsas de estudo do governo brasileiro (CNPq) e da Universidade de Columbia (1990-1998), entre muitos outros.
Kampela abriu novos caminos de duas formas muito particulares: em primeiro lugar fez a fusão entre estilos populares e vernáculos com técnicas de textura contemporáneas. O CD de 1988 “Epopeia e Graça” utiliza formas de músicas populares desconstruindo o samba, o jazz e o teatro musical, com novos recursos musicais que criam um verdadeiro género híbrido. Em segundo lugar, trabalha com novas técnicas extendidas para instrumentos acústicos. Na sua série de Estudos de Percussão para guitarra solo (1989-presente), Kampela criou uma nova técnica de interpretação que se extende a muitos instrumentos acústicos.
Além de ter várias peças suas gravadas, suas obras são apresentadas nos principais eventos de música contemporânea na América do Sul, Europa, Ásia e Estados Unidos. Alguns projetos recentes de composição: Ultraschall Festival em Berlim com uma retrospectiva de algunas das suas obras de câmara, Janeiro de 2013; "...B..." para 10 solistas instrumentais, vídeo e electrónica estreada a 19 de julho no Darmstadt Ferienkurse 2012 interpretada por Linea Ensemble de Estrasburgo (Koussevitzky commission); Estreia de Macunaíma pela Filarmónica de Nova York dirigida por Magnus Lindberg 2009; Estreia de Motets para 2 guitarras na Iglesia de Saint-Maurice (Catedral) Reims, França, pelo Newman y Oltman Guitar Duo, 2011; Not I para trompa solista, voz do intérprete de trompa e luz, teve a sua estreia em novembro de 2011 em Freiburg por Delphine Gauthier-Guiche; Uma Faca Só lâmina, quarteto de cordas estreado em fevereiro de 2010 na Americas Society de Nova York pelo Momenta String Quartet; Elastics II para flautas, guitarra e sons electro-acústicos e Percussion Study V para viola, alla chitarra e sons electro-acústicos no Museo de Arte Moderno de Estrasburgo, Francia - Linea Ensemble, Pablo Márquez, guitarra/viola e Mario Carolli, Flauta(s) (2007); Estreia de Antropofagia no ISCM 2006 (World Music Days) no Theaterhaus Stuttgart pela Kammerensemble Neue Musik Berlín e Wiek Hijmans, em guitarra eléctrica (Fromm Commission).

kampela.com