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Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura e TotemMusicais, apresentam

universos em expansão...
Daniel Murray
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“Universos em expansão…” traz grandes contribuições para a música do século XXI no Brasil e no mundo. Dilata os conceitos da música erudita contemporânea, expande o repertório eletroacústico, alinha-se às técnicas estendidas e aos notebooks, provocando a amplificação da performance violonística.

Os compositores que gravitam em torno desse projeto são como escultores de sons; esses últimos são esculpidos por eles não apenas no tempo, mas também no próprio espaço da sala de concerto - por meio da difusão sonora. O leque de sonoridades de suas obras eletroacústicas é bastante amplo - o que responde a um anseio da música desse século de exploração de novos universos sonoros.

Além do gênero acusmático (música eletroacústica pura), compreendendo sons gravados, que são posteriormente transformados no computador e combinados musicalmente para constituir a obra, há também no “Universos em expansão...” composições de música eletroacústica mista, que seguem essas mesmas características, mas também incluem os violões de 6 e de 11 cordas que são tocados ao vivo por Daniel Murray no palco.



O “Universos em expansão...” coloca em relevo uma forma de arte revolucionária e de vanguarda. Esses universos, orbitam em torno da música eletroacústica, que é parte da música erudita contemporânea, buscando novos modos de expressão. Usam uma nova tecnologia para criar, transformar, misturar o som e espacializá-lo.

Em geral essa música não é baseada no conceito de "notas", mas sim no próprio material sonoro, na sua morfologia, no seu timbre e na sua evolução ao longo do tempo e no espaço acústico.

A música eletroacústica é um domínio importante da criação contemporânea. Muitas vezes ela coloca frente a frente o instrumentista ao vivo com o aparato eletrônico, o qual pode misturar e retrabalhar os sons do seu instrumento, às vezes em tempo real e às vezes com sons pré-gravados através da pilotagem de notebooks.

A música eletroacústica mista combina instrumentos ao vivo com sons eletroacústicos. Esses sons eletroacústicos podem até não estar gravados, mas serem gerados pelo computador em tempo real durante o concerto (nesse caso, chamamos a parte eletroacústica de "eletrônica em tempo real" ou live electrocics.

equações do universo em expansão

A música com manipulações eletrônicas, nasceu em meados do século XX. Desde Pierre Shaeffer, Pierre Henri, Stockhausen, Berio, inúmeros compositores vêm trabalhando nos estúdios, gerando e manipulando sons eletrônicos. Eles utilizam o computador para organizar os materiais musicais obtidos a partir de processos de síntese e processamento do som.

As primeiras peças eletroacústicas brasileiras são registradas a partir de 1956, com Reginaldo de Carvalho: “Sibemol”, consistindo em um estudo para microfones com sons captados de dois pianos, matéria plástica esticada e tamborim; e logo em seguida com Jorge Antunes : “Pequena Peça para Mi Bequadro e Harmônicos”, 1961; e “Valsa Sideral”,1962.

A partir dos anos 1970, os compositores brasileiros são beneficiados com a incorporação do computador e outras tecnologias, aos laboratórios das grandes Universidades Brasileiras, e nas décadas seguintes vemos o surgimento de vários núcleos de pesquisa e estudos em música eletroacústica em várias delas, destacando-se os de  Campinas, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

“Universos em expansão...” acompanha a evolução dessa modalidade de composição colocando lado a lado grandes compositores brasileiros contemporâneos como Arthur Kampela, Aylton Escobar, Flo Menezes, James Correa, José Augusto Mannis, Marcus Siqueira, Paulo Porto Alegre, e o próprio Daniel Murray.

(Marinilda B. Boulay)


Compositores e composições


Nas diferentes criações, que compõem o “Universos em expansão...” navegam sons de violão com cores vívidas.

Os harmônicos naturais fruto da scordatura do incrível violão de 11 cordas são transformados em vozes musicais, que se contrapõem por meio de um suporte eletrônico na “Madrigal”.

Das progressões rítmicas e arpejos passamos para a condução musical assumida preponderantemente pela mão direita, alternando modos de tocar e variando dedilhados na “Estudo para MD”.

O instrumento encontra com os sons pré-gravados” da peça “Happy Days II”, sua temática adere à ideia de torso ou fragmento, uma vez que o instrumento é "arrancado" de seu contexto original. Uma normalidade artificial é ilustrada ali por uma ação constante do violonista que executa uma gestualidade complexa e implacável.

Em torno dessas peças gravitam outras em miniatura realizadas a partir da “fricção” e ressonância de materiais sonoros, os “Entremeios”.
(Marinilda B. Boulay)